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Ouro

Ouro no Brasil

A cadeia de valor do ouro na Amazônia brasileira tem sua principal região de extração na região do Tapajós, com atividades legais e ilegais de pequena e média escala. A Província Mineral do Tapajós (uma área de 50.000 km²) teve sua primeira descoberta de ouro no século XVIII. No entanto, a exploração efetiva e contínua começou no final da década de 1950, com a incorporação da logística de transporte aéreo e fluvial. A partir de então, as descobertas foram feitas nos rios Tropas, Tapajós, Crepori e Jamanxim. As décadas de 1970 e 1980 foram um período de intensa atividade mineradora e migração na Amazônia brasileira, especialmente na região do Tapajós. O avanço das tecnologias de extração e transporte, o aumento dos investimentos e o crescimento da extração mineral, juntamente com a degradação ambiental associada, levaram à corrida do ouro.

Inicialmente, a região abrigava mineração artesanal de baixa tecnologia e com uso intensivo de mão de obra. Os primeiros garimpeiros vieram da economia da borracha, já em declínio, seguidos por novos migrantes, especialmente da parte nordeste do país. A mineração contribuiu para a expansão das fronteiras demográficas e econômicas na Amazônia.

A partir da década de 2000, a atividade de mineração de ouro na região do Tapajós se intensificou devido a vários fatores, incluindo um forte aumento no preço internacional do ouro e a maior mecanização das tecnologias usadas nas minas. A partir da década de 2010, podemos acrescentar à lista de fatores a crise econômica e as ações ou inações de governos federais consecutivos.

O aumento da mecanização da mineração, com o uso de maquinário pesado e mão de obra reduzida, caracteriza a nova cadeia de produção de ouro como mais próxima da mineração de pequena escala do que das atividades artesanais, considerando o tipo de tecnologia empregada, o nível de degradação e o montante de capital envolvido.

A foto abaixo mostra a técnica de extração de ouro mais comum na região do Tapajós, utilizando uma retroescavadeira.

Cava de mineração de ouro em pequena escala na região do Tapajós, Brasil. Foto: Carlos Bandeira Jr
Cava de mineração de ouro em pequena escala na região do Tapajós, Brasil. Foto: Carlos Bandeira Jr

No estado do Pará, onde a região do Tapajós é a maior produtora de ouro, o valor da produção de ouro em dólares aumentou quase sete vezes em uma década, entre 2010 e 2021. Isso reflete principalmente o crescimento da produção mineral legal e ilegal, juntamente com o aumento do preço internacional do ouro, especialmente após a pandemia da Covid-19.

Valor da produção de ouro (em milhões de dólares americanos) por ano entre 2010 e 2021. Fonte: Agência Nacional de Mineração, 2022.
Valor da produção de ouro (em milhões de dólares americanos) por ano entre 2010 e 2021. Fonte: Agência Nacional de Mineração, 2022.

De acordo com a Agência Nacional de Produção Mineral (ANPM, 2023), o estado do Pará tem atualmente 4.368 concessões de mineração e o direito de solicitar concessões e outros 10.032 requerimentos de mineração.

Status das atividades de mineração em desenvolvimento na região do Tapajós (2023), Brasil.

A extração de ouro no Tapajós vem causando uma série de danos socioambientais. Entre eles, destacam-se a contaminação dos rios, da região e das populações locais por mercúrio; conflitos entre garimpeiros e comunidades indígenas envolvendo ameaças de morte e violência física e; exploração ilegal em terras indígenas e áreas protegidas. As áreas protegidas de maior risco com incidentes registrados incluem a Área de Preservação Ambiental do Tapajós, as Terras Indígenas Munduruku e Sai Cinza e a Floresta Nacional do Crepori.

Atualmente, estima-se que existam aproximadamente 2.500 locais de mineração de pequena escala a céu aberto na região do Tapajós, com 15.000 trabalhadores diretamente envolvidos na atividade. Desde 2007, a mineração vem se expandindo em áreas desmatadas. Em 2020, 7.300 hectares foram destruídos por essa atividade.

Ouro na Colômbia

A mineração de ouro é uma atividade econômica importante na Colômbia, que tem uma tradição histórica e cultural que remonta a séculos. Os colombianos da época pré-hispânica usavam o ouro para joias, arte e itens cerimoniais. Na época colonial, o ouro era um bem importante para exportação. Após a independência do país, na “Corrida do Ouro”, a primeira empresa de mineração de propriedade colombiana foi criada em Medellín.  Ainda hoje, a mineração é uma atividade econômica importante que gera cerca de 2% do PIB nacional e aproximadamente 1,5% do emprego nacional.

O departamento de Putumayo não apresenta um grande número de licenças de mineração em comparação com a distribuição nacional. A maioria das atividades de mineração de ouro é ilegal, de modo que, em 2019, oficialmente, apenas 44.936 gramas de ouro foram produzidos no município de Puerto Guzmán. A mineração de ouro tem sido tradicionalmente realizada por colonos afro-colombianos que acumularam um enorme conhecimento comum da antiga prática de mineração de ouro.

Mineração de ouro em pequena escala em Putumayo, Colômbia. Foto de: Barbara Schröter.
Mineração de ouro em pequena escala em Putumayo, Colômbia. Foto de: Barbara Schröter.

Território de consumo

Impacto Territorial da Extração Global

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