Commodities globais
Gado
Gado no Brasil
O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de carne bovina do mundo, mas a criação de gado na Amazônia é um fenômeno relativamente recente. A criação de gado foi um dos principais projetos geopolíticos para a colonização e integração da Amazônia realizados durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Desde aquela época, havia um sentimento de que a Amazônia era uma “terra de ninguém” e que a região precisava ser integrada não apenas para proteger as fronteiras de algum tipo de invasão externa, mas para reconhecer as diferentes possibilidades e oportunidades desse espaço “vazio”. Durante esse período, a criação de gado recebeu uma série de subsídios, como crédito facilitado e incentivos fiscais.
Entre as décadas de 60 e 70, várias fazendas de gado foram instaladas na Amazônia, especialmente nas regiões sudeste e leste do Pará e na porção norte do Mato Grosso. As florestas tropicais deram lugar a extensas áreas de pastagem cuja produtividade era muito baixa. A partir da década de 1980, houve um crescimento explosivo da pecuária nos estados amazônicos, especialmente no Mato Grosso e no Pará. O acesso ao crédito e a isenção de impostos favoreceram não apenas os fazendeiros, mas também os frigoríficos e as indústrias de processamento de carne. Na década de 1990, com o apoio do governo, a região Norte tornou-se o principal espaço de crescimento da pecuária brasileira.
Entre 2008 e 2021, os rebanhos bovinos cresceram 47% no estado do Pará e 25% no Mato Grosso, com o maior rebanho bovino do Brasil (aprox. 32 milhões). Na região do Tapajós, o rebanho bovino cresceu 30% no mesmo período.
Dinâmica do rebanho bovino por município na região do Tapajós entre 2008 e 2021.
De acordo com o Atlas da Carne, publicado pela Fundação Heinrich-Boll e pela Friends of the Earth Europe, 63% das áreas desmatadas na Amazônia são para a produção de gado. Em 2022, o estado do Pará liderou o ranking de desmatamento, respondendo por 22% de todo o desmatamento do país (Mapbiomas, 2023). No estado do Pará, os municípios com maior taxa de expansão de pastagens estão localizados ao longo da rodovia BR-163 e na interseção desta com a Transamazônica. O município de Placas, localizado ao longo da Transamazônica, merece atenção especial, pois a área de pastagem saltou de 114.000 para 200.000 hectares, um crescimento de 74% entre 2008 e 2021.
O número de frigoríficos cresceu recentemente no estado do Pará. Atualmente, o Pará tem 31 frigoríficos ativos, dos quais 9 estão na região do Tapajós. Por outro lado, o estado do Mato Grosso se destaca pelo grande número de frigoríficos, mais que o dobro do estado do Pará. Desses, 27 estão na região do Tapajós.
Abatedouros na Amazônia Legal e na região do Tapajós, Brasil.
As exportações de carne resfriada e congelada do sistema portuário de Santarém cresceram 240% entre 2019 e 2022, sendo os países do Sudeste Asiático os principais importadores (Comex, 2023). Embora o Sudeste Asiático e a China sejam os principais destinos de exportação da carne bovina do Brasil (mas não exclusivamente da Amazônia), a União Europeia está entre os principais importadores da carne bovina brasileira, representando 16% do total das exportações. As exportações de carne bovina congelada e resfriada originárias da região do Tapajós (municípios de Santarém e Novo Progresso) destinam-se principalmente ao Sudeste Asiático, enquanto a UE representa cerca de 5% do destino do mercado
Gado na Colômbia
A criação de gado tem uma longa tradição na Colômbia e está intimamente ligada à colonização de terras. O sonho de muitos colombianos é ter uma pequena fazenda de gado.
O mercado de gado da Colômbia é diferente do de outros países da América Latina. Ao contrário dos principais exportadores de carne bovina, como Brasil, Argentina e Uruguai, a Colômbia ainda não é um importante participante do mercado internacional e não possui grandes empresas frigoríficas, exceto o Grupo Éxito.
Aproximadamente 96% da carne bovina produzida na Colômbia é consumida internamente. O rebanho doméstico de gado na Colômbia aumentou 20% desde 2016. Esse aumento no número de cabeças de gado foi mais substancial na região amazônica. Como o consumo doméstico de carne bovina deve crescer, os riscos de desmatamento impulsionados pelo gado voltado para a exportação podem aumentar ainda mais. Embora, em termos de logística, seja difícil exportar a carne bovina produzida na Amazônia, o aumento da oferta geral deste tipo de proteína poderia levar a um maior desmatamento na Amazônia para cultivo de gado destinado ao consumo doméstico, enquanto a produção em áreas próximas à costa abasteceria principalmente o mercado de exportação.
A carne bovina vai principalmente para a Rússia. A China tem grande interesse em importar carne bovina colombiana. Vacas inteiras vão para países do Oriente Médio (Iraque, Líbano, Jordânia) para serem abatidas (“halal”). O couro, ou seja, peles curtidas de equinos e bovinos, é exportado para a Itália, Espanha, Alemanha e Albânia. Nem a carne nem o couro de Putumayo podem ser rastreados internacionalmente. A pecuária ocupa apenas 1,2% de Putumayo (30.292 hectares), distribuída em municípios como Sibundoy, Mocoa, Villagarzón, Puerto Caicedo, Puerto Asís, Puerto Guzmán, San Miguel, La Hormiga e Orito.